Ri da sua expressão absurda quando me disse odiar clichês, tão certa de que isso era algo notável sobre a sua personalidade.
Amiga minha, eu lhe asseguro, você é o maior deles.
Do batom vermelho (manchando o cigarro barato que segura de modo blasé entre dedos nervosos) até o vestido florido comprado em um brechó na Augusta... tudo em você parece cuidadosamente escolhido de modo a mostrar que não é como os outros. Acreditando que as leituras intermináveis e a ânsia contínua por um sentido transformá-la-iam em um ser iluminado que estaria de posse de algo único e raro.
Especial.
Adorada minha, você não passa de um acúmulo de células e átomos funcionando em uma frágil estrutura de sangue e carne. Um pequeno milagre ambulante, ignorante de si mesma e dos outros ao seu redor.
Carregamos o universo em nossas entranhas, e somos tão mais que o nosso gosto por músicas, livros e filmes. Você nunca conseguiu compreender isso. Achando-se tão superior por não ser popular, por gostar de filmes antigos e apegando-se a memórias alquebradas de um tempo que não viveu.
Noites insones regadas a drogas psicotrópicas não lhe trarão respostas. Escondendo-se sob a sua melancolia como se fosse maquiagem.
Amada minha, não faça isso com você.
Coloque os pés na terra. Sinta o sol queimar a sua pele translúcida.
Viva, minha querida. Apenas viva
E se permita viver.
(22/12/2013)
E se permita viver.
(22/12/2013)
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